Notícias
voltarDólar sobe forte e obriga BC a atuar
Após leilão, valorização desacelera, mas moeda fecha em alta de 0,5%
Os temores em relação à crise na Europa fizeram o dólar comercial voltar a subir forte ontem. Durante o dia, a moeda chegou a passar de R$1,90. Com isso, o Banco Central (BC) entrou no mercado para conter a valorização. O dólar, que chegou a registrar 1,91% de alta, após a atuação do BC, fechou com avanço de 0,53%, a R$1,892. A alta acumulada no ano é de 13,56%. Já o dólar turismo voltou ao patamar de R$1,99 no Rio, com alta de 0,50%.
O BC entrou no mercado futuro de câmbio por meio de um leilão de contratos de swap cambial tradicional, operação que equivale a uma venda de dólar. O leilão foi anunciado por volta de 15h30m. Foram ofertados 106,9 mil contratos, equivalentes a US$5,348 bilhões. Segundo informe do BC, o mercado comprou 34 mil contratos, o equivalente a US$1,695 bilhão.
Em 22 de setembro, o BC já tinha feito um leilão de swap cambial, o primeiro desde junho de 2009. No fim do pregão de ontem, a autoridade monetária anunciou que oferecerá, em outro leilão hoje, 90,5 mil contratos, o equivalente a US$4,5 bilhões.
Mercado eleva projeção
de R$1,68 para R$1,73
Na avaliação do gerente de mesa de câmbio da corretora Icap Brasil, Ítalo Abucater dos Santos, ficou claro que a autoridade monetária considera a cotação do dólar acima de R$1,90 desconfortável, aumentando o risco de a inflação romper o teto da meta (6,5%) neste ano.
- A crise lá fora só piora e há espaço para o dólar subir mais. Parece que o BC vai usar suas reservas para equilibrar o câmbio e deixá-lo no nível necessário para a inflação ficar abaixo do teto da meta - afirma Santos, lembrando que um novo corte na taxa básica (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC exigirá atuação ainda mais forte.
Para Alfredo Barbutti, economista da corretora BGC/Liquidez, a reação do mercado após o leilão do BC foi até exagerada. Por volta de 16h, o dólar chegou a cair 1,06%, na mínima do dia, para voltar a subir em seguida.
- O mercado está testando o BC, mas parece ter medo da munição dele - diz Barbutti, referindo-se às reservas.
No mundo, o dólar avançou 1,60% frente ao euro, com a moeda comum europeia sendo a terceira que mais perdeu para a divisa americana entre 16 moedas acompanhadas pela agência Bloomberg News. O rand da África do Sul foi o que mais perdeu.
O mercado mudou o patamar do dólar esperado para o fim do ano. Os analistas ouvidos na pesquisa semanal Focus do BC disseram que projetam um câmbio de R$1,73 e não mais R$1,68 como na semana passada. Para o ano que vem, a projeção também subiu, mas com moderação. Passou de R$1,68 para R$1,70.